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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A História e o Esporte do Arco-e-Flecha

A História e o Esporte do Arco-e-Flecha

Afresco na rocha em Tassili
Afresco na rocha em Tassili mostrando um arqueiro egípcio em 7.500 a.C.
Os seres humanos vêm utilizando o arco-e-flecha desde o início dos tempos, para caçar, guerrear e, nos tempos modernos, como esporte. Foram encontradas pontas de flecha de pedra com mais de 50.000 anos na África, e o arco-e-flecha foi utilizado praticamente por todas as sociedades na Terra. Houve muitas ocasiões nas quais o arco-e-flecha mudou o rumo da história. Poucos esportes Olímpicos podem exibir essa grande herança!
Pauline Edwards

Os arcos primitivos provavelmente eram curtos, utilizados para a caça nas florestas. Os arcos eram utilizados dessa forma pelos índios americanos, na Europa e no Oriente. Os egípcios foram os primeiros a desenvolver arcos compostos (feitos de vários materiais diferentes), esticando intestinos de carneiros para fabricar a corda do arco. Os arqueiros egípcios se deslocavam sobre carruagens e devia ser uma visão espantosa eles correrem através dos desertos, na cola dos exércitos inimigos.
Esboço de Leonardo da Vinci
Imagem gentilmente cedida por
Centenary Archers Club

Esboço do projeto de uma besta feito por Leonardo da Vinci quando ele trabalhava como engenheiro de cerco na corte de Franscisco I da França


Aníbal utilizou arqueiros montados em cavalos a partir de 260 a.C., à medida que expandia seu império. Os chineses desenvolveram bestas (arcos montados horizontalmente e operados como uma pistola; lê-se com o "e" aberto, "bésta") e os exércitos e imperadores da China aprenderam a manejar o arco-e-flecha (você pode ver tropas armadas com bestas no exército de terracota de Xi An). Os habitantes de Pártia no Irã e no Afeganistão podiam atirar flechas montados sobre seus cavalos enquanto escapavam dos exércitos que se aproximavam.
Entretanto, há outros exércitos que ficaram na história pelo seu uso do arco-e-flecha. Na Hungria, Átila, o Huno, conduzia seus vastos exércitos em todas as direções, formando um imenso império que se estendia do Reno ao Mar Cáspio. A utilização de arcos compostos foi crucial em muitas de suas vitórias. Provavelmente os arqueiros mais famosos na história foram os mongóis. Em 1208 d.C., Genghis Khan levou seus tesouros das planícies da Mongólia, construindo um império vasto e sangrento. Os mongóis eram excelentes cavaleiros, podendo ficar de pé sobre os estribos e disparar flechas em todas as direções. Nessa época, o império mongol se estendia da Áustria até a Síria, Rússia, Vietnã e China.
Os japoneses desenvolveram o arco-e-flecha em duas formas, Kyudo e Yabusame. Mais como um modo de vida que uma forma de arco-e-flecha, essas formas de artes marciais são ainda muito populares atualmente. Um dos livros mais conhecidos do Zen Budismo, "O Zen e a Arte do Arco-e-Flecha" foi escrito nos anos 1930 por Eugen Herrigel, descrevendo suas experiências com o Kyudo.
Em 1066 d.C., os normandos invadiram a Bretanha e o Rei Harold foi supostamente morto por uma flecha normanda no olho. Os saxões não utilizavam muitos arqueiros, e somente mais tarde na história os ingleses começaram a usar os arcos longos para esse efeito devastador. Provavelmente os mais famosos foram nas batalhas contra a França durante a Guerra dos 100 Anos.
Batalha de Agincourt
A Batalha de Agincourt, mostrando soldados com arcos longos na frente, com os cavaleiros na retaguarda

A batalha de Agincourt, que ficou famosa quando recontada por Shakespeare na peça "Henrique V", foi um caso desesperado. Os ingleses estavam em retirada após saquearem o território francês. As tropas, em sua maioria formadas por arqueiros, sofriam com disenteria (muitos lutaram mais tarde sem as calças por esse motivo). O exército de Henrique foi cercado pelos franceses antes que pudesse escapar para Dieppe. Quando todas as suas tentativas de negociação falharam, ele foi forçado a lutar, mesmo estando em grande desvantagem numérica. O tempo estava terrível, pois havia ocorrido tempestades na noite anterior, e o solo recém-arado estava encharcado. Pela manhã os exércitos se enfrentaram e, após Henrique ter movido os soldados com os arcos longos em formação, eles bateram o exército francês, o qual lutou algumas vezes com lama até a cintura. Apesar de os arcos longos não terem sido muito eficazes contra a armadura dos cavaleiros, eles foram extremamente eficazes contra os cavalos. Desmontados e sob o peso de suas armaduras, muitos dos cavaleiros se afogaram na lama. Os soldados franceses a pé caíam debaixo da chuva de flechas, mas foram em frente e atacaram a linha inglesa, que somente se defendeu. No meio da lama e da confusão, os ingleses levaram a vantagem. No final da batalha, os franceses tinham perdido milhares de homens, ao passo que os ingleses somente algumas centenas (Shakespeare sugere patrioticamente que os franceses perderam 10.000 homens para 29 ingleses, mas isso provavelmente é um exagero). Um outro aspecto deve ser apontado – os soldados com arcos longos não eram de fato ingleses, e sim galeses. Dizem que o sinal da vitória (um "V" com os dedos) de hoje originou-se dos arqueiros galeses após essa batalha.
Olimpíadas de 1908
Mulheres competindo nas Olimpíadas de 1908 com arcos longos.
Por causa do sucesso dos arcos longos, os ingleses passaram a utilizá-los até a metade do século XVII, mesmo quando outros exércitos já utilizavam armas de fogo. Entretanto, foi inevitável que o arco como uma arma de guerra deixasse de ser utilizado quando pistolas e rifles se tornaram mais precisos e confiáveis. Em vez de desaparecer, o arco-e-flecha se tornou um esporte popular. Ele estreou nas Olimpíadas de 1900 em Paris, mas ficou de fora da competição por muitos anos, pois não havia um conjunto fixo de regras internacionais. Finalmente, ele retornou em 1972 em Munique e hoje é disputado tanto nas Olimpíadas de Verão (Individual Masculino, Individual Feminino, Equipe Masculina e Equipe Feminina) como nas Olimpíadas de Inverno (Biatlo).

Fonte: site http://www.planetseed.com/pt-br/node/16403

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