A História e o Esporte do Arco-e-Flecha
Afresco na rocha em Tassili mostrando um arqueiro egípcio em 7.500 a.C. |
Os seres humanos vêm utilizando o arco-e-flecha desde o início
dos tempos, para caçar, guerrear e, nos tempos modernos, como esporte.
Foram encontradas pontas de flecha de pedra com mais de 50.000 anos na
África, e o arco-e-flecha foi utilizado praticamente por todas as
sociedades na Terra. Houve muitas ocasiões nas quais o arco-e-flecha
mudou o rumo da história. Poucos esportes Olímpicos podem exibir essa
grande herança!
Pauline Edwards
Os arcos primitivos provavelmente eram curtos, utilizados para a caça
nas florestas. Os arcos eram utilizados dessa forma pelos índios
americanos, na Europa e no Oriente. Os egípcios foram os primeiros a
desenvolver arcos compostos (feitos de vários materiais diferentes),
esticando intestinos de carneiros para fabricar a corda do arco. Os
arqueiros egípcios se deslocavam sobre carruagens e devia ser uma visão
espantosa eles correrem através dos desertos, na cola dos exércitos
inimigos.
Imagem gentilmente cedida por
Centenary Archers Club |
Aníbal utilizou arqueiros montados em cavalos a partir de 260 a.C., à
medida que expandia seu império. Os chineses desenvolveram bestas
(arcos montados horizontalmente e operados como uma pistola; lê-se com o
"e" aberto, "bésta") e os exércitos e imperadores da China aprenderam a
manejar o arco-e-flecha (você pode ver tropas armadas com bestas no
exército de terracota de Xi An). Os habitantes de Pártia no Irã e no
Afeganistão podiam atirar flechas montados sobre seus cavalos enquanto
escapavam dos exércitos que se aproximavam.
Entretanto, há outros exércitos que ficaram na história pelo seu uso
do arco-e-flecha. Na Hungria, Átila, o Huno, conduzia seus vastos
exércitos em todas as direções, formando um imenso império que se
estendia do Reno ao Mar Cáspio. A utilização de arcos compostos foi
crucial em muitas de suas vitórias. Provavelmente os arqueiros mais
famosos na história foram os mongóis. Em 1208 d.C., Genghis Khan levou
seus tesouros das planícies da Mongólia, construindo um império vasto e
sangrento. Os mongóis eram excelentes cavaleiros, podendo ficar de pé
sobre os estribos e disparar flechas em todas as direções. Nessa época, o
império mongol se estendia da Áustria até a Síria, Rússia, Vietnã e
China.
Os japoneses desenvolveram o arco-e-flecha em duas formas, Kyudo e
Yabusame. Mais como um modo de vida que uma forma de arco-e-flecha,
essas formas de artes marciais são ainda muito populares atualmente. Um
dos livros mais conhecidos do Zen Budismo, "O Zen e a Arte do
Arco-e-Flecha" foi escrito nos anos 1930 por Eugen Herrigel, descrevendo
suas experiências com o Kyudo.
Em 1066 d.C., os normandos invadiram a Bretanha e o Rei Harold foi
supostamente morto por uma flecha normanda no olho. Os saxões não
utilizavam muitos arqueiros, e somente mais tarde na história os
ingleses começaram a usar os arcos longos para esse efeito devastador.
Provavelmente os mais famosos foram nas batalhas contra a França durante
a Guerra dos 100 Anos.
A Batalha de Agincourt, mostrando soldados com arcos longos na frente, com os cavaleiros na retaguarda |
A batalha de Agincourt, que ficou famosa quando recontada por
Shakespeare na peça "Henrique V", foi um caso desesperado. Os ingleses
estavam em retirada após saquearem o território francês. As tropas, em
sua maioria formadas por arqueiros, sofriam com disenteria (muitos
lutaram mais tarde sem as calças por esse motivo). O exército de
Henrique foi cercado pelos franceses antes que pudesse escapar para
Dieppe. Quando todas as suas tentativas de negociação falharam, ele foi
forçado a lutar, mesmo estando em grande desvantagem numérica. O tempo
estava terrível, pois havia ocorrido tempestades na noite anterior, e o
solo recém-arado estava encharcado. Pela manhã os exércitos se
enfrentaram e, após Henrique ter movido os soldados com os arcos longos
em formação, eles bateram o exército francês, o qual lutou algumas vezes
com lama até a cintura. Apesar de os arcos longos não terem sido muito
eficazes contra a armadura dos cavaleiros, eles foram extremamente
eficazes contra os cavalos. Desmontados e sob o peso de suas armaduras,
muitos dos cavaleiros se afogaram na lama. Os soldados franceses a pé
caíam debaixo da chuva de flechas, mas foram em frente e atacaram a
linha inglesa, que somente se defendeu. No meio da lama e da confusão,
os ingleses levaram a vantagem. No final da batalha, os franceses tinham
perdido milhares de homens, ao passo que os ingleses somente algumas
centenas (Shakespeare sugere patrioticamente que os franceses perderam
10.000 homens para 29 ingleses, mas isso provavelmente é um exagero). Um
outro aspecto deve ser apontado – os soldados com arcos longos não eram
de fato ingleses, e sim galeses. Dizem que o sinal da vitória (um "V"
com os dedos) de hoje originou-se dos arqueiros galeses após essa
batalha.
Mulheres competindo nas Olimpíadas de 1908 com arcos longos. |
Por causa do sucesso dos arcos longos, os ingleses passaram a
utilizá-los até a metade do século XVII, mesmo quando outros exércitos
já utilizavam armas de fogo. Entretanto, foi inevitável que o arco como
uma arma de guerra deixasse de ser utilizado quando pistolas e rifles se
tornaram mais precisos e confiáveis. Em vez de desaparecer, o
arco-e-flecha se tornou um esporte popular. Ele estreou nas Olimpíadas
de 1900 em Paris, mas ficou de fora da competição por muitos anos, pois
não havia um conjunto fixo de regras internacionais. Finalmente, ele
retornou em 1972 em Munique e hoje é disputado tanto nas Olimpíadas de
Verão (Individual Masculino, Individual Feminino, Equipe Masculina e
Equipe Feminina) como nas Olimpíadas de Inverno (Biatlo).
Fonte: site http://www.planetseed.com/pt-br/node/16403
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